O surgimento de novos ídolos no Counter Strike brasileiro

Pedro Pereira
4 min readNov 30, 2021

Lendas vivas do Counter Strike 1.6 como Raphael “cogu”, Renato “nak” e Lincoln “fnx” pavimentaram a estrada do esporte eletrônico para que ídolos criados em versões posteriores pudessem nascer. Gabriel “FalleN’’ e Fernando “fer” se concretizaram como uns dos melhores de todos os tempos e deram seguimento a essa caminhada, permitindo que “brasileirinhos” e a mídia tradicional considerassem o CS:GO como uma oportunidade de trabalho, e não apenas um hobby. Agora, com o iminente fim de suas carreiras, está na hora de começar a passar o bastão para uma nova geração de heróis.

FalleN, o pai do CS:GO brasileiro, após transformar a Royal Arena, na Dinamarca, em uma biblioteca — Imagem: HLTV/Reprodução

Os ícones da “Era LG/SK”, que brilharam nos anos de 2016 e 2017, ainda estão em atividade — alguns em alto nível, outros se redescobrindo. Após a dissolução do núcleo da equipe, o brilhante AWPer e in-game leader (IGL) FalleN passou a temporada atual na Team Liquid, porém, aparentemente, sua saída da organização está próxima. A “Dona Morte” fer, após mais de um ano sem participar integralmente de um time, entrou na 00 Nation, mas também com prazo determinado. O duas vezes melhor do mundo Marcelo “coldzera” está sem time no momento depois de uma experiência infeliz na Complexity Gaming. Epitácio “TACO” decidiu tomar um rumo diferente dos companheiros, assumindo o papel de capitão em uma composição com promessas do cenário brasileiro na organização sueca GODSENT.

Com a participação, em períodos separados, de fnx, João “felps e Ricardo “boltz” no elenco, venceram ao todo doze torneios internacionais, incluindo dois Majors — campeonato mais tradicional da modalidade -, diversos prêmios individuais e, talvez o mais importante, um espaço generoso e de difícil substituição no coração do público nacional e mundial.

Entretanto, os tempos mudaram.

Elenco da vitoriosa equipe que dominou os anos de 2016 e 2017 após vencer seu segundo Major — Imagem: HLTV/Reprodução

A história nunca vai ser apagada. Eles foram peças chaves para mudar a forma como o cenário internacional enxergava o Brasil, tanto dentro do servidor com sua habilidade quanto fora com seu carisma. O brasileiro é comovido pela nostalgia, logo, não deixarão de ser ídolos quando pendurarem o mouse.

Contudo, um ponto crucial neste momento é: embora continuem disputando por mais alguns anos, estão muito mais perto da aposentadoria do que do início de suas carreiras. O Brasil precisa de novos representantes com capacidade de competir a nível mundial.

Felizmente, esse processo de renovação já começou e ele parece promissor. A FURIA Esports, por exemplo, já está, de certo modo, consolidada no cenário. Ainda que o núcleo formado por Yuri “yuurih”, Kaike “KSCERATO”, Andrei “arT” e Vinicius “VINI” precisem caminhar muito para serem considerados lendas do CS:GO, já são uma realidade no posto de ídolos brasileiros. A equipe vem se destacando internacionalmente desde o primeiro semestre de 2019. Nessas três temporadas no exterior, adicionaram ao currículo três Majors disputados, múltiplos títulos de menor expressão e diversas aparições em playoffs de grandes torneios.

Os Panteras, com André “drop” na escalação, em seu primeiro mata-mata de um Major, no PGL Major Stockholm 2021 — Imagem: HLTV/Reprodução

Nesse mesmo Major que a FURIA participou de seu primeiro New Champions Stage (Etapa dos Novos Campeões, em tradução literal, é o nome dado aos playoffs do tradicional campeonato), outros recordes foram quebrados pelo Brasil. Com vinte e um representantes do país, e cinco equipes, o mundo viu o maior número de jogadores e times brasileiros em uma grande competição na história. Além disso, foi o evento que mostrou, definitivamente, que o país está em boas mãos. A base vem forte.

Promessas como drop, Romeu “zevy”, Lucas “Lucaozy”, Eduardo “dumau”, Bruno “b4rtin”, Bruno “latto” e Wesley “hardzao”, ao se classificarem, tiveram a oportunidade de revelar que têm o que é necessário para levar o país de volta aos tempos de glória. Basta dar tempo ao tempo.

É evidente que a campanha dessas equipes compostas por jovens atletas não foi boa. Na fase inicial, chamada de New Challengers Stage (Etapa dos Novos Desafiantes), dentre as últimas colocadas, estão as brasileiras Sharks Esports, GODSENT e paiN Gaming. No entanto, esse foi o primeiro grande torneio da maior parte dos jogadores e, mesmo que tenham sido eliminados precocemente, já são vitoriosos por terem se classificado.

Por hora, resta ao povo ter paciência com as novas equipes. Continuar mostrando apoio, e confiança, que um dia, o verde e amarelo estará novamente no alto do pódio mundial.

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